Nos anos anteriores o dia do contabilista e auditor foi celebrado com eventos motivacionais e de apelo à união da classe com nutridas plateias e convidados em todas as capitais provinciais onde a OCAM tem representação.
Este ano, os riscos e as proibições decorrentes da pandemia da Covid 19 alteram todos os planos idealizados. A comemoração do Dia 8 de Fevereiro aconteceu por via de transmissão online de um encontro aberto que juntou o Bastonário da OCAM, Mário Sitoe; a Professora Lucília Marques, Consultora da OCAM; José Pedro Farinha, formador da OCAM e diversos profissionais da área de contabilidade e auditoria para juntos refletirem sobre os desafios actuais da profissão, no contexto da pandemia da Covid 19 que assola o mundo.
O encontro iniciou com as palavras do Bastonário, Mario Sitoe que realçou a importância de se continuar a trabalhar para garantir o funcionamento da economia tendo em conta as medidas de prevenção da covid 19.
Após as notas introdutórias foi tempo de discutir o posicionamento do profissional de contabilidade como um ser social versus o confinamento e o garante do funcionamento da economia tendo em conta a sua ligação com a fiscalidade.
O Bastonário afirmou que a pandemia veio colocar a prova a capacidade de organização como sociedade e a capacidade de investir no sector público, principalmente no sector da saúde.
“Provavelmente muitos investimentos que deveriam ser canalizados ao sector da saúde não foram encaminhados porque havia sempre a consciência ou capacidade de que aqueles que podiam mais conseguiriam esses serviços fora do país ou da África, e hoje em dia estamos todos confinados e essa capacidade não existe. Então levanta-se aqui um problema que é uma lição que a Covid veio trazer e que devemos todos refletir sobre ela: onde investir? Como investir?”, chamou a classe e a sociedade à reflexão.
Ainda no âmbito do confinamento e a necessidade das pessoas trabalharem, o Bastonário considerou que o funcionamento da economia tem muito haver com aquilo que são os pressupostos da profissão da contabilidade, daí ser fundamental a reflexão do profissional da contabilidade sobre o que é que poderá ser feito no sentido de ajudar quer as entidades públicas no campo da planificação das finanças públicas, quer para o mercado ( sector privado) e a economia no geral para que ela possa desenvolver a capacidade de planificar, organizar, lidar e coordenar com o fim benefício da sociedade.
Já lá para o fim da sua intervenção, o Bastonário fez referência a predominância das tecnologias de comunicação e informação, e repisou que devemos tirar partido dela para o serviço da sociedade, economia e saúde.
“Há pressupostos de natureza legal que precisam ser removidos para que todos nós possamos caminhar na mesma plataforma. Nós como profissionais de contabilidade naquilo que é a prática da nossa tarefa temos que harmonizar os processos tendo em conta as Tecnologias de Comunicação e Informação”, disse apontando para alguns desafios colocados aos profissionais uma vez que lhes são exigidos provas ou evidências de uma determinada actividade que normalmente é apresentada em formato físico.
“… Como passar para o digital? É um desafio imposto à profissão para uma reflexão. O que se verifica é que o mundo se transforma. A pandemia não pode nos distrair daquilo que é a nossa missão”, finalizou.
A experiência de Portugal
Falando sobre a experiência do seu país, o formador da OCAM, José Farinha considerou que a contabilidade nunca foi tão importante para a tomada de decisões quanto nos dias de hoje.
“Vivemos tempos difíceis e neste tempo temos que assumir a nossa real importância. O arquivo físico continua a ser um grande problema mesmo para Portugal, que apesar de ter legislado cedo sobre a arquivo digital, desde que os documentos estejam certificados”, considerou.
Por sua vez, a professora Lucília Marques, Consultora da OCAM disse que a Covid 19 trouxe coisas más, mas também trouxe-nos a capacidade de pensar que é em conjunto que podemos trabalhar em tecnologias.
“Em Portugal estamos num estágio diferente de Moçambique relativamente aos impostos. A OCAM é muito importante na pressão que deve fazer junto da Autoridade Tributária para que juntos possam criar um um arquivo digital”, frisou.
Ainda durante a interação, o auditor certificado Jeremias da Costa considerou que Inteligência Artificial vai acabar com actividades rotineiras e não com a profissão de contabilidade e auditoria e não obstante, irá exigir que os profissionais tenham mais valência e competências em muitas áreas transversais.