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SITUAÇÃO 1: Durante o exercício de 2023, divergências acumuladas com fornecedores internacionais resultaram em litígios comerciais em três jurisdições (Portugal, África do Sul e China), envolvendo valores agregados superiores a MZN 18 500 000. Ajustes manuais foram inicialmente lançados sem adequada documentação de suporte, exigindo reconciliação retroativa multimoeda e auditoria jurídica especializada. A empresa constituiu provisão adicional de MZN 1 250 000 com base em análise de risco judicial e passou a utilizar um sistema de reconciliação com blockchain para rastreamento de facturas e pagamentos. Implementou-se ainda um comitê de arbitragem interno para mitigação de riscos futuros.

 SITUAÇÃO 2: A auditoria de 2023 identificou que gastos com desenvolvimento de software interno e manutenção de servidores (totalizando MZN 14 560 000) haviam sido classificados como activos intangíveis sem a devida documentação técnica e sem evidência de geração futura de benefícios económicos. A reclassificação foi feita como despesa operacional com efeito retroativo, alterando substancialmente o resultado operacional do exercício anterior. A falha originou investigação do regulador de mercado (BVM) por possível tentativa de gestão de resultados, sendo implementado um modelo de controlo automatizado baseado em IA (inteligência artificial) para distinção entre custos capitalizáveis e não capitalizáveis, conforme a IAS 38.

 SITUAÇÃO 3: Durante uma revisão interna conduzida por consultores fiscais externos, foi identificado um passivo fiscal não declarado junto à AT-Moçambique, referente a omissões de IVA e IRPC entre 2020 e 2023, totalizando MZN 47 800 000. A ausência de reconhecimento do passivo violava o princípio da competência e configurava risco de crime tributário. A SALMAH CORPORATIONA, SA., aderiu a um plano de regularização extraordinária com pagamento parcelado em 48 meses, incorporando o passivo em contas não correntes. Foi estabelecida uma auditoria fiscal interna recorrente com validação semestral por consultores independentes e actualizadas as provisões conforme a IAS 12

. SITUAÇÃO 4: A empresa realizou melhorias substanciais em instalações arrendadas (valor superior a MZN 12 300 000) sem adequado enquadramento contratual ou contabilístico. A análise técnica concluiu que as benfeitorias deviam ser reconhecidas como activo de direito de uso nos termos da IFRS 16, com amortização sistemática. No entanto, a ausência de cláusula de reembolso tornou o tratamento jurídico controverso, exigindo renegociação do contrato com cláusula de restituição parcial em caso de rescisão antecipada. A contabilização foi ajustada, e passou-se a utilizar um modelo de avaliação patrimonial por componente, com apoio de perito independente.

 SITUAÇÃO 5: Auditorias operacionais detectaram ineficiências sistêmicas nas linhas de produção, resultando em perdas superiores a MZN 38 000 000 por ano. Foram implementados KPIs de produção, mas verificou-se que os sistemas de reporte estavam sendo manipulados para ocultar perdas. A empresa adoptou um modelo de produção enxuta (Lean Manufacturing), reformulou o layout fabril e substituiu o ERP de produção. Após intervenção da auditoria interna, registou-se redução de 45% nas perdas operacionais e aumento de 20% na produtividade líquida, passando-se a classificar perdas operacionais segundo a IAS 2.

 SITUAÇÃO 6: As contas a receber vencidas superiores a 180 dias ultrapassavam MZN 129 557 580, representando 43% da carteira activa. A política anterior usava métodos lineares inadequados. Foi então implementado um modelo de perda esperada (expected credit loss – ECL) conforme IFRS 9, com análise de risco por setor, histórico de pagamento e indicadores macroeconômicos. A nova provisão totalizou MZN 97 223 000, afectando drasticamente o resultado líquido. Além disso, foi instaurado um sistema de avaliação contínua de crédito com alertas automáticos e análise de risco setorial mensal.

 SITUAÇÃO 7: Durante o inventário físico de 2023, foi identificado um volume de stock obsoleto no valor de MZN 5 532 755, incluindo materiais adquiridos para projetos descontinuados. A empresa adotou um modelo de depreciação acelerada para bens de rápido envelhecimento tecnológico e implantou um sistema de classificação ABC com ciclo de rotação trimestral. Parte do inventário foi liquidada com desconto de até 80%, gerando impacto contabilístico negativo imediato, mas redução do custo de armazenagem em 33%. Implementou-se também uma política de revisão de stock contínua com relatórios semestrais à direcção da empresa.

 SITUAÇÃO 8: A SALMAH CORPORATION, SA.,permaneceu três anos sem publicar demonstrações financeiras auditadas, em violação à legislação societária e regulamentos da BVM. A situação comprometeu a confiança de investidores e credores, resultando na reclassificação da empresa para “alto risco” em agências de rating. A auditoria exigiu a nomeação de uma Comissão Permanente de Divulgação, com prazo de 90 dias para correcção das omissões. A empresa passou a seguir a IFRS Practice Statement 1 para apresentação de informações gerenciais e instituiu um calendário fiscal e financeiro obrigatório, sujeito a penalidades internas por descumprimento.

 SITUAÇÃO 9: Durante auditoria de remuneração variável, foi detectado o pagamento de MZN 4 500 000 em bônus a executivos sem registo formal de aprovação. As transferências foram realizadas por via bancária directa, com ausência de atas e validação do Conselho de Administração, configurando potencial fraude por abuso de autoridade. Foi recomendada a instauração de auditoria forense independente, com reporte ao Ministério Público. A empresa criou um Comitê de Remuneração com poder deliberativo, exigindo votos qualificados para aprovações e incorporando tecnologia de assinaturas digitais com blockchain para rastreabilidade de decisões.

 SITUAÇÃO 10: Identificou-se que o Director Financeiro detinha participação societária em uma empresa fornecedora com contratos activos no valor de MZN 5 800 000, caracterizando conflito de interesse grave não declarado. Os contratos foram suspensos e revogados, e foi instaurado processo disciplinar com demissão por justa causa. Em resposta, a empresa implementou uma política de “Know Your Director (KYD)” com exigência de declaração anual de interesses patrimoniais, validadas por consultoria externa. Todos os contratos passaram a exigir due diligence de partes relacionadas conforme IAS 24, com parecer jurídico obrigatório.

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Caro Membro

 Com base nas 10 situações apresentadas e nas exigências das normas contabilísticas e regulatórias aplicáveis em Moçambique (incluindo IFRS, IAS, Código Comercial e normas da Autoridade Tributária), segue um conjunto de recomendações detalhadas para melhoria do controlo interno, reclassificações adequadas, e proposta de balanço corrigido com lançamentos contabilísticos de suporte.

SITUAÇÃO 1 Litígios e provisões

  • Recomendações:

    • Formalizar os ajustamentos com suporte documental (acordos, pareceres jurídicos).

    • Validar a constituição da provisão segundo a IAS 37 – Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes.

    • Auditar o sistema blockchain implementado para garantir integridade dos dados.

  • Lançamento :

    DR: Despesa com provisões ............... MZN 1.250.000

  •  CR: Provisões para litígios................... MZN 1.250.000


SITUAÇÃO 2 – Reclassificação de activos intangíveis

  • Recomendações:

    • Rever todos os activos intangíveis à luz da IAS 38.

    • Estabelecer comité técnico para validar critérios de capitalização.

    • Auditar retroativamente a origem dos lançamentos.

  • Lançamento :

    DR: Despesa de exploração ............... MZN 14.560.000 CR: Activos intangíveis........................ MZN 14.560.000


SITUAÇÃO 3  Passivo fiscal oculto

  • Recomendações:

    • Reconhecimento imediato do passivo conforme IAS 12.

    • Manter um calendário de verificação semestral com consultores.

  • Lançamento 

  • DR: Resultados transitados ou Impostos ............ MZN 47.800.000 CR: Passivo fiscal não corrente........................... MZN 47.800.000


SITUAÇÃO 4 Benfeitorias em imóveis arrendados

  • Recomendações:

    • Reavaliar os contratos de arrendamento à luz da IFRS 16.

    • Incluir cláusula de reembolso ou compensação no contrato.

  • Lançamento :

  • DR: Activo de direito de uso – benfeitorias...... MZN 12.300.000 CR: Propriedades, planta e equipamento........... MZN 12.300.000


SITUAÇÃO 5  Perdas operacionais/manipulação

  • Recomendações:

    • Implementar controlos cruzados automáticos nos KPIs.

    • Formação ética para gestores de produção.

  • Lançamento :

    DR: Perdas operacionais....................... MZN 38.000.000

  •  CR: Inventário/Matéria-prima/Produção........ MZN 38.000.000


SITUAÇÃO 6 – Contas a receber vencidas

  • Recomendações:

    • Aplicar modelo ECL conforme IFRS 9 com atualização periódica.

    • Criar comitê de risco de crédito com relatórios mensais.

  • Lançamento :

    DR: Despesa com imparidade de clientes........ MZN 97.223.000

  •  CR: Provisão para perdas esperadas.......... MZN 97.223.000


SITUAÇÃO 7  Stock obsoleto

  • Recomendações:

    • Política de write-off clara e sistema ABC com inventário rotativo.

    • Revisar contratos de compra para mitigar obsolescência futura.

  • Lançamento :

    DR: Perdas com obsolescência de inventário....... MZN 5.532.755 CR:Inventário................................ MZN 5.532.755


SITUAÇÃO 8  Falta de demonstrações financeiras

  • Recomendações:

    • Cumprir rigorosamente o calendário fiscal-financeiro.

    • Nomear comissão de supervisão regulatória interna.

  • Lançamento (nenhum lançamento específico necessário, mas revisão e auditoria completa dos exercícios omitidos).


SITUAÇÃO 9 – Bónus não aprovados

  • Recomendações:

    • Suspender pagamentos variáveis não ratificados por ata.

    • Criar plataforma segura de registo de decisões (blockchain + assinatura digital).

  • Lançamento  (se reversão for possível):

    DR: Caixa/Banco.................................. MZN 4.500.000 CR: Remuneração variável a pagar.............. MZN 4.500.000


SITUAÇÃO 10  Conflito de interesse

  • Recomendações:

    • Implementar política de "Know Your Director".

    • Exigir declaração anual de partes relacionadas (IAS 24).

  • Lançamento  (se reembolso de contratos for requerido):

    DR: Fornecedores relacionados (ajuste de contratos)...... MZN 5.800.000

  •  CR: Caixa/Banco ou Contas a pagar........................... MZN 5.800.000


 BALANÇO CORRIGIDO

RubricaAntes (MZN)Ajustes (MZN)Depois (MZN)
Activos intangíveis18.000.000-14.560.0003.440.000
Provisões para litígios2.000.000+1.250.0003.250.000
Contas a receber (bruto)300.000.0000300.000.000
Provisão para incobráveis (IFRS 9)-5.000.000-97.223.000-102.223.000
Passivo fiscal22.000.000+47.800.00069.800.000
Direito de uso (benfeitorias)0+12.300.00012.300.000
Inventário120.000.000-5.532.755114.467.245
Resultado acumulado85.000.000-132.165.755-47.165.755

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

  • Estas correções exigem reformulações das demonstrações financeiras auditadas dos últimos 3 exercícios.

  • Todas as alterações devem ser acompanhadas de notas explicativas às demonstrações financeiras, em conformidade com a IAS 1 e IAS 8.

  • A empresa deve comunicar formalmente à BVM e à Autoridade Tributária as alterações com potencial impacto fiscal e societárias

Esperamos ter sido úteis

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